Primera División Femenina de España (Primera Iberdrola)
O início
A história do futebol feminino na Espanha começou antes do que muitos pensam. O primeiro clube feminino de futebol foi fundado em 1914 no país, e era chamado Spanish Girl’s Club.
No entanto, o próprio esporte já não era uma modalidade favorecida na época. O futebol masculino demorou um bom tempo para conseguir apoio e patrocínio.
Se para o lado masculino já não estava bom, para o feminino era ainda pior. Não existia qualquer apoio significativo para o clube feminino. Todo o suporte era praticamente autônomo, e considerando o cenário social na época, o futebol para mulheres era inadmissível.
Em contrapartida, a vontade de inclusão da modalidade dentro do universo feminino foi mais longe do que o esperado. Liderado por Paco Bru, grande ex-jogador, técnico e árbitro do futebol espanhol, o Spanish Girl’s Club consegue montar sua primeira partida de futebol para mulheres.
O evento ocorreu no dia 9 de junho de 1914. Não haviam muitos torcedores, mas sim curiosos, o que refletia muito bem aquele cenário. Dois times, o Montserrat e o Giralda, representados por cores diferentes, disputaram na partida, finalizando o jogo de 2x1.
Como esperado, o público não ficou nada satisfeito. Muitos jornais criticaram o evento, alegando o quanto futebol e mulheres não pertenciam a um mesmo ambiente. A partida foi condenada seriamente, pois se acreditava que “o feminino” deveria ser delicado, e não bruto.
Entretanto, o Spanish Girl’s Club foi longe. Diversas partidas foram jogadas por alguns pontos do país, chegando até a alcançar a França. Esse foi o grande pivô de esperança para o futebol feminino, na Espanha e até na Europa.
Infelizmente, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o clube foi “deixado de lado”, assim como a modalidade.
Por muitos anos, o futebol feminino viveu sob as sombras como um entretenimento marginalizado. Existiram, durante um tempo, diversos times, criados e desenvolvidos secretamente. Mas nenhum deles era reconhecido como algo legítimo, ou passível de suporte.
Em 1980, a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) assume o futebol feminino como modalidade, isso apenas após a iniciativa de outros países e associações europeias, que deram esse primeiro passo não muitos anos antes.
Com o reconhecimento oficial, iniciam-se os primeiros eventos do esporte feminino depois de muitas décadas.
A Copa Reina Sofía (conhecida atualmente como Copa de la Reina de fútbol), foi o primeiro campeonato a estrear o retorno do futebol feminino na Espanha, em 1981. Entretanto, apesar do reconhecimento pelas entidades, o evento ainda não era regularizado, o que só viria a acontecer dois anos depois.
Na temporada de 1988-89, a RFEF assume as rédeas da modalidade feminina, já que não havia nenhum órgão responsável e representante na época. Com isso, a RFEF cria não somente o Subcomité de Fútbol Femenino, como também nasce a Liga Nacional Femenina.
A Liga Nacional Femenina começou em status amador/semiprofissional. Contava, à priori, com um único grupo de nove times, de origens diferentes dos cantos da Espanha.
A liga passou suas primeiras temporadas contando bastante com o apoio de simpatizantes, inclusive de muitos clubes e associações masculinas. Esse suporte foi essencial para o crescimento da modalidade dentro do cenário esportivo.
Na sua oitava temporada, a liga já passava por suas primeiras reestruturações, como a admissão de novos clubes.
Em 1996-97, a liga muda de nome, passando a ser chamada de División de Honor Femenina. Nessa mesma temporada, com o crescimento da popularidade no país, a liga já contava com um número histórico de 42 times, divididos, então, em quatro grupos, de acordo com as regiões da Espanha.
Nos anos seguintes, a División de Honor Femenina passa por mais mudanças significativas. Considerando a diferença de nível significativa entre os times, liga diminui o número de inscritos para apenas 11, os melhores do país.
Na temporada de 2001-02, muda de nome novamente, para SuperLiga Femenina. Passa a obter a estrutura de apenas um grupo novamente. A partir daquele ano, o clube vencedor passaria a ser classificado para a recém-criada Liga dos Campeões de Futebol Feminino da UEFA.
Na temporada de 2009-10, a liga amplia para 24 times, no total. Com isso, a estrutura volta para a formação de vários grupos. Durante a temporada, eram jogadas duas fases e uma final eliminatória.
Essa estrutura dura por apenas mais duas temporadas, quando a liga volta para a formação anterior de 16 times, e passa a se chamar Primera División Femenina. A partir dessa época, inicia-se um conflito entre a RFEF e a LaLiga, já que a última disputava a tutela da divisão feminina.
Essa disputa quase arriscou as estruturas há tanto tempo resilientes do futebol feminino espanhol. Contudo, na temporada de 2019-20, a RFEF é escolhida voluntariamente pelos próprios clubes, que decidem permanecer sob responsabilidade do órgão organizador.
Nesse novo ciclo, grandessíssimas mudanças são feitas. A Primera División Femenina mantém os seus 16 times e adere ao novo formato de competição da RFEF, chamado Primera División Pro.
Além disso, assumem determinados requisitos e normas, como a limitação de admissão de jogadoras estrangeiras, que fica disponível para o máximo de quatro por time, além de outras coisas.
Essa sistematização leva a liga feminina a ser considerada pelo Consejo Superior de Deportes, após a socilitação pela Asociación de Clubes de Fútbol Femenino, como uma liga profissional. Após bastante pressão, a decisão é tomada, e a Primera División Femenina entra em processo de profissionalização previsto para a temporada de 2021-22.
O status de liga profissional permitirá aos clubes maior independência em seu desenvolvimento, e uma liberdade financeira muito mais vasta.
A Primera División Femenina ou Primera Iberdrola (devido a questões comerciais), é uma liga reconhecida mundialmente, dentro do universo do futebol feminino, por possuir grandes clubes. Um deles é o FC Barcelona Femení, vencedor da Liga dos Campeões Feminina da UEFA de 2020-21.
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