As juras de amor entre o Santos e Lisca duraram apenas 54 dias. O técnico gaúcho não faz mais parte do clube.
O treinador não conseguiu sustentar sua posição após a derrota por 2x1 contra o Ceará, no último sábado, sendo a segunda derrota consecutiva no Campeonato.
Foram oito partidas no comando do time, com um aproveitamento de apenas 37,5%. Foram duas vitórias, três empates e três derrotas.
A marca é a segunda pior de um treinador na Vila Belmiro neste século, segundo levantamento da Assophis (Associação dos Pesquisadores e Historiadores do Santos FC), e reflete o caos vivido pelo clube nos últimos anos.
Em toda a história do clube, somente Nelsinho Baptista, em 2005, teve um desempenho pior. Foram 13 jogos com um aproveitamento de 30,7%, incluindo uma goleada de 7x1 diante do Corinthians.
Lisca deixa o Santos na décima colocação, com 34 pontos, uma abaixo daquela em que estava o time quando o gaúcho o assumiu. A saída prematura de Lisca do clube deixa claro que existem outros problemas nos bastidores a serem resolvidos.
No último dia 1º, o presidente do clube Andres Rueda afirmou à Gazeta Esportiva que possuía "relação fantástica" com Lisca e pretendia "ficar pelo menos um ano e meio" com o treinador. A previsão era atrelada à duração do mandato do presidente. Lisca sucumbiu 11 dias depois.
"Tenho gostado muito. É um grande parceiro. A proximidade é muito grande. Uma pessoa superinteligente. Estamos fazendo uma boa dupla. Estamos pensando em 2023. A relação está fantástica. Ele vai ficar pelo menos mais um ano e meio comigo", disse o cartola, na ocasião.
Com sua chegada, Lisca ganhou reforços dos meias-atacantes Soteldo e Luan, do lateral direito Nathan e do meia argentino Carabajal. Porém desde muito cedo o técnico já sofria críticas porque não se observou uma evolução mesmo com semanas livres para treinamento.
"O jogo estava controlado, e nós sofremos nessa questão tática. As falhas são individuais, mas a responsabilidade é do treinador. Quem escala é o treinador, quem bota os jogadores é o treinador. Tenho que assumir junto com os jogadores que falharam", disse o técnico, após o confronto em Fortaleza.
Desde a saída de Sampaoli, venerado pela torcida mesmo sem ganhar nenhum título, nenhum outro técnico conseguiu se firmar no time.
Foram despejados Jesualdo Ferreira, em 2020, Ariel Holan e Fernando Diniz, em 2021, Fábio Carille, Bustos e Lisca, em 2022. O clube também desligou o auxiliar fixo Marcelo Fernandes, campeão paulista em 2015 e técnico emergencial quando necessário.
A única exceção foi Cuca, vice-campeão da Copa Libertadores em janeiro de 2021. A saída do treinador foi a menos traumática, já que ele deixou a equipe classificada para a fase da Libertadores, mas preferiu não renovar seu contrato.
Entre os nomes especulados para substituir Lisca estão os de Vanderlei Luxemburgo, com quatro passagens pela Vila Belmiro, Roger Machado e Tiago Nunes. Porém o nome mais provável é de um estrangeiro que trabalhou diretamente com Sampaoli: o argentino Sebastián Beccacece. Por enquanto, Orlando Ribeiro, do sub-20, assume interinamente o cargo.