A equipe de Didier Deschamps fez uma defesa fraca do título da Liga das Nações. Eles parecem propensos a fazer o mesmo na Copa do Mundo
Com uma enxurrada de controvérsias assolando o futebol francês, muitos torcedores esperavam que esta pausa da data FIFA oferecesse uma nova chance de se concentrar no jogo pela seleção. Mas Didier Deschamps vem da última pausa internacional antes da Copa do Mundo com mais perguntas do que respostas.
Fadiga e lesões foram fatores, assim como em junho, quando Deschamps fez sua pior pausa internacional desde que assumiu o comando. Mas o cenário maior para este ano é contundente: uma vitória em seis jogos da Liga das Nações contribui para uma visão sombria. Uma vitória por 2 x 0 sobre a Áustria na noite de quinta-feira garantiu que a França não fosse rebaixada, mas qualquer otimismo recém-descoberto desapareceu no fim de semana, quando foram derrotados por 2 x 0 pela Dinamarca em Copenhague.
A lista de lesões cada vez maior exonera um pouco esse desempenho, mas também é motivo de preocupação. Os pilares do reinado de Deschamps estão entrando no crepúsculo de suas carreiras e o técnico parece não saber o que fazer a seguir. As circunstâncias o forçaram a convocar a nova geração, mas pode ser muito tarde para criar uma equipe homogênea antes do final de novembro.
Espera-se que Karim Benzema, Hugo Lloris e N'Golo Kanté voltem à ação nas próximas semanas, mas a agenda lotada provavelmente causará mais algumas baixas. E, dado o quão despreparada a França parece estar sem seus titulares, uma formação experimental pode ser desastrosa.
As posições dos laterais apresentam um problema semelhante. Desde que mudou para uma defesa de três homens, Deschamps não encontrou o candidato ideal para ocupar o flanco direito. A capacidade ofensiva limitada de Benjamin Pavard e as atuações leves de Jonathan Clauss fazem de Kingsley Coman – que atualmente está de fora devido a uma lesão no tendão – a única opção viável como titular.
Olivier Giroud, cujo gol contra a Áustria fez dele o artilheiro mais velho da história da França, reforçou sua busca por um lugar no elenco enquanto buscava forjar uma nova e melhor relação com Kylian Mbappé – um ano depois de seu desentendimento público com o jovem jogador. Mbappé até comentou após o jogo contra a Áustria que o jogo de Giroud libera espaço que ele raramente vê ao jogar futebol de clube, no que parecia ser uma escavação não muito sutil em pelo menos um de seus companheiros de equipe.
Dado que Mbappé e Benzema – apesar de todos os seus talentos e compreensão mútua – muitas vezes pisam no pé um do outro na seleção, Giroud pode muito bem ser a chave para a França mais uma vez, pois pode desbloquear o potencial de Mbappé. Deixar o vencedor da Bola de Ouro no banco é impensável, mas Giroud traz algo para a mesa que nenhum outro atacante francês pode.
Alguns jogadores podem ter perdido totalmente o seu lugar no elenco com suas atuações neste mês. Eduardo Camavinga, que estava de volta ao elenco depois de dois anos com os Sub-21, não conseguiu contrariar o domínio dinamarquês no meio-campo e sempre desviou os passes.
Felizmente, há alguns pontos positivos a serem tirados das partidas finais da França antes de defender a Copa do Mundo no Catar. O meio-campista do Mônaco, Youssouf Fofana, prosperou ao lado de seu ex-companheiro de equipe Aurélien Tchouaméni – que agora está se estabelecendo no Real Madrid – e parece ser parte da resposta para o meio-campo de Deschamps, pelo menos até Paul Pogba e Kanté voltarem de lesão.
Benoît Badiashile fez uma estreia promissora contra a Áustria, mas depois fez parte do naufrágio coletivo de uma apresentação em Copenhague. O goleiro do West Ham, Alphonse Areola, substituiu razoavelmente bem o lesionado Mike Maignan e foi o grande responsável por manter o placar respeitável na Dinamarca, onde sua defesa o abandonou. Ainda não se sabe se algum desses jogadores convenceu o técnico a levá-los ao Catar, mas pelo menos há alguma positividade para a era pós-Deschamps.
